A sociedade atual encontra-se em uma etapa avançada do desenvolvimento industrial capitalista, caracterizando-se pelo consumo massivo de bens e de serviços. Na lógica capitalista de produção, o principal objetivo é atender ao consumidor e estimular suas necessidades artificiais, criadas por ele mesmo, promovendo, assim, uma rotatividade do mercado e a manutenção do sistema. Com uma ampliação da demanda por produtos, surgiram grandes empresas que, por sua vez, desenvolveram-se e deram origem a grandes marcas. Tais empresas ganharam prestígio e o nome da marca começou a valer mais do que o próprio produto. Quando isso aconteceu, passamos a consumir não mais uma simples mercadoria, e sim um conceito.
As grandes empresas, através de pura estratégia de marketing, criaram para seus produtos a imagem que queriam vender. Quando você opta por comer, ao invés de um hambúrguer, um sanduíche em outro restaurante, provavelmente o faz pois crê que este é o mais saudável. No entanto, você não estará consumindo um lanche que faça menos mal a sua saúde, estará consumindo a marca saúde vendida por esta empresa. O mesmo acontece com as roupas. Cada marca de roupa criou para si determinado conceito, e, dependendo do tipo de ideia transmitida pelo que estamos usando, saberemos que tipo de pessoa o outro é.
Muitas vezes somos levados a usar marcas com as quais não nos identificamos nem um pouco, simplesmente pelo motivo de essas estarem na moda. Contudo, a maioria das pessoas usa marcas que estão próximas ao seu meio de convívio social e que condizem com o seu estilo de vida e seu pensamento. Muitas vezes, ao invés de termos uma personalidade individual, teremos uma personalidade coletiva. Isso, no entanto, não exclui a possibilidade de elegermos a marca que melhor expresse o que sentimos individualmente em determinado momento.
Tal decisão é uma moeda de duas facetas: ao optarmos por uma marca atribuímos a elas a responsabilidade de “falarem” por nós; entretanto, não eliminamos a nossa capacidade de escolha. Ao nomearmos certo conceito não deixaremos de ter a nossa personalidade, apenas deixaremos de criar os nossos próprios conceitos. Perdendo, deste modo, um pedaço de nossa autenticidade.
Concordo com a responsabilidade que as marcas têm de falarem por nós, entretanto não acho que todos sejamos capazes de escolhe-las. No caso de pessoas com uma condição financeira muito inferior, elas não vão optar por aquela que mais se assemelha aos seus conceitos, e sim pela que for mais barata.
ResponderExcluirSerá que, em meio ao número enorme de marcas existentes, somos realmente de realizar escolhas autônomas e manter nossa personalidade? Quem proporcionou estas opções, entre o sanduíche e o hambúrguer, por exemplo, é que detém o controle sobre a existência de conceitos, logo, sobre nós mesmos.
ResponderExcluirCamila,
ResponderExcluirParabéns pela tua reflexão, trouxestes pontos importantes para pensarmos no consumismo que alimenta o capitalismo. O sistema capitalista traz como princípio o consumo e este é fruto de uma imposição do mercado que utiliza-se da mídia para explorar determinados produtos e de certa forma alienar a população. É consenso que muitas vezes acabamos consumindo conceitos, marcas, e que isso está diretamente relacionado à nossa personalidade ou falta de personalidade. Queremos e buscamos fazer parte de um grupo, de um nicho social que consome determinados produtos, e isso nos atribui valor, nos dá poder e cada indivíduo busca uma colocação na sociedade, uma posição de valor, de poder. Sendo assim, quem não consome está fora desse padrão imposto, não faz parte da sociedade. O que lhes resta? Muitos tentam de todas as formas se aproximar desse idel imposto por esse modelo capitalista. Alguns se inserem, muitos não. O que fazer com quem não se insere? A estes estão reservados a precariedade e todas as formas de exclusões sociais. Continuemos pensando sobre isso então. Será que temos a liberdade de mudar esse sistema?
Um beijo.